Religião está no pilar dos assuntos em que aprendi que se deve ser cauteloso ao debater. Política, futebol, religião e BBB, inclusive. Porém, ao contrário do que muita gente pensa ao primeiro instante, a serie não se trata de religião, mas sim sobre fé.
E com esse kamehameha no estilo discoteca dos anos 70 furreca, simbolizando o que eu chamo de Fé, eu inicio o post de hoje.
" Todos estão perguntando como e de onde eles vieram. Todos estão preocupados sobre onde eles foram. Quando a coisa toda aconteceu... Mas ninguém sabe ao certo e é a mesma coisa para mim. Acho que vou deixar o mistério rolar ".
Esse trecho é o início da canção da (excelente, por sinal) abertura da segunda temporada da serie e retrata nitidamente o que esta propõe. Do mesmo criador de Lost, Damon Lindelof, e depois de apenas 28 episódios, a HBO encerra uma das suas tramas mais aclamadas pela crítica e pelo grande público.
The Leftovers fala sobre o Arrebatamento, quando 2% da população mundial desaparece sem deixar nenhum vestígio, no fatídico 14 de outubro. Passados 3 anos, a história começa mostrando as consequências e o caos que gerou sobre as pessoas que "ficaram". Várias seitas e cultos foram criados para dar mais ênfase ao ocorrido, ocasionando divergências entre fiéis e céticos.
A palavra que mais descreve The Leftovers é MISTÉRIO. Nada é respondido, mas tudo é explicado. Talvez não da forma mais nítida e transparente, mas em uma simbologia suave e plena, onde as performances dos atores necessitam ser imprescindíveis. E são mesmo! Portanto, se você espera encontrar uma série redondinha e autoexplicativa, sugiro procurar outro tipo de show (ALÔ CW!!).
Você irá se perguntar em quase todos os episódios se o que aconteceu é real, se é apenas um devaneio do personagem, se fulano tá falando a verdade, se as "sobras" foram os que foram ou os que ficaram, se...se...se... Daí você percebe que nada daquilo importa e acha melhor parafrasear a canção: "É melhor deixar o mistério rolar".
No elenco temos Christopher Eccleston (Doctor Who), Amy Brenneman (Private Practice), Carrie Coon (Law & Order), a estreia de Liv Tyler na TV e a pessoa que faz Jennifer Aniston agradecer a Papai do céu todos os dias, Justin Theroux.
A serie foi finalizada em um episódio épico, digno e memorável, assim como toda a serie foi. Uma série que ficará nas nossas lembranças como uma grata e linda surpresa.
Demorei muito pra ter coragem de assistir a essa série, devido "Lost". Num acaso acompanhei um amigo que estava revendo e insistiu (algo que tinha feito com ele qdo revi "Breaking Bad"). Na primeira temporada achei uma série estranha e até bizarra, fui fisgado já no final. Veio a segunda e daí sim o encantamento, mergulhar nas mentes, tramas e dramas de ótimos personagens. Final bonito, série com poucos episódios ao todo mas com a certeza que foi a quantidade certa para não cair, terminou por cima e deixará saudades principalmente pela performance de Justin Theroux. E o texto termina exatamente como muitos dos espectadores sentiram dela, "uma linda e grata surpresa".
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